História da era clássica do Sonic (1991 a 1998)

Fala-e pessoal, hoje to trazendo um conteúdo especial pra vocês falando sobre a Era Clássica do Sonic, espero que gostem. Esse conteúdo foi originalmente feito no Planeta Sonic.


Ao contrário de algumas mídias, o Sonic foi produzido com a intenção de ser um mega sucesso, visto que o presidente da SEGA Japonesa queria um game que vendesse pelo menos um milhão de cópias.

Essa história os fãs já sabem: o objetivo era destronar a Nintendo que era líder absoluta de mercado na época, pegando justamente o ponto fraco do Super Nintendo que era seu processador de velocidade, visto que o Mega Drive era tecnicamente inferior em tudo, menos neste quesito. De quebra, eles queriam um personagem carismático e que tivesse uma personalidade forte e única. Estava nascendo o primeiro jogo do Sonic, lançado em junho de 1991 no Mega Drive, ele foi um “mega hit”, e assim começou uma das mais poderosas franquias da história dos videogames até hoje: SONIC THE HEDGEHOG.


CONHECENDO OS BASTIDORES DA ERA CLÁSSICA

A era clássica é uma forma que os gamers denominam os primeiros jogos do Sonic, quando o ouriço e seus amigos ainda tinham seus primeiros visuais. São os jogos que compreendem os anos de 1991 a 1998. A partir de Sonic Adventure para o Dreamcast (1998/1999) os personagens tiveram suas aparências atualizadas e condizendo melhor com a personalidade e idade de cada um deles, ficando mais expressivos e bem caracterizados. Mesmo assim, muitos jogadores das antigas se afeiçoam ao visual clássico com seu estilo considerado bonitinho, também por lembrarem de suas memórias da infância. O primeiro game da era clássica é o Sonic The Hedgehog para o Mega Drive (e não o do Master como muitos brasileiros pensam), e o último é o Sonic R para Sega Saturn, marcando a despedida do visual antigo.

Os bastidores da produção do primeiro Sonic são, no mínimo, muito interessantes. Quem teve a ideia do personagem foi Naoto Oshima, e quando ele levou seu trabalho sobre um ouriço que atingia grandes velocidades, o chefe dele disse “Quem pode programar um jogo veloz é Yuji Naka”, que já tinha trabalhado no clássico cult Phantasy Star. A ideia do personagem Sonic é, no mínimo, inusitada: ele é azul para homenagear o logotipo da SEGA, ele tem os sapatos de Michael Jackson na era BAD com as cores do papai noel, ele tem a personalidade inspirada no político americano Bill Clinton, e inicialmente ele teria uma namorada humana chamada Madonna, além de ser o astro de uma banda de rock pesado.
Os conceitos iniciais da série Sonic. Na primeira imagem temos a Madonna, na segunda a banda do
Sonic (sendo que o tecladista virou o personagem Vector); na terceira o Sonic com seu visual bem
“japonês” com olhos grandes característicos do país; e por fim uma arte conceitual de uma batalha.


Como o foco da SEGA era atingir o mercado europeu e americano, visto que a Nintendo era líder absoluta no mercado japonês, o projeto da Sega do Japão foi para os Estados Unidos. Chegando lá, uma mulher chamada Madeline Schroeder (considerada a mãe do Sonic) que tinha experiência com o mercado ocidental por ter trabalhado na Mattel junto com o novo presidente da Sega Americana Tom Kalinske, precisou suavizar o personagem para que ele fizesse mais sucesso entre os ocidentais. O primeiro visual do Sonic era “muito japonês”, então ela colocou ele mais bonitinho, removeu as presas que ele teria nos dentes, eliminou a Madonna e também a banda de hardrock.

Obviamente isso enfureceu os colégas de olhos puxados e aí começou uma guerra entre os americanos e japoneses. Madeline foi pessoalmente ao Japão para persuadir a equipe japonesa de que assim o personagem venderia mais. “Não foi um encontro divertido”, Madeline disse num documentário sobre Sonic. Tanto Yuji Naka quanto Naoto Oshima eram irredutíveis, dizendo que não entendiam como os consumidores iriam gostar do personagem assim, visto que as mudanças deixaram o Sonic  “sem graça”, mas Madeline, tão irredutível quanto, disse que este era o melhor modo. Como o foco era o mercado ocidental, os japoneses não tiveram outra opção a não ser ceder, mas muito a contra gosto. Assim, finalizando o game, dia 23 de Junho de 1991 ,o Sonic 1 é lançado.

Madeline Schroeder e Yuji Naka, considerados a mãe e o pai do Sonic.
Ambos disputaram fortemente de como o ouriço deveria ser, mas Madeline levou a melhor.

Como dito anteriormente, o Sonic foi produzido para o sucesso e pegando justamente o ponto fraco do Super Nintendo, de quebra, a SEGA fez uma campanha de marketing massiva para que o personagem ficasse bastante em evidência. Segundo um dos marketeiros, a Nintendo possuía quinze vezes mais dinheiro que eles para investir em publicidade, então o jeito para solucionar isso foi usar a criatividade ao máximo. Na época colocaram duas TVs de 32 polegadas, consideradas gigantes para a época, uma com o Super Mario World do Super Nintendo, e ao lado com o Sonic The Hedgehog.

O objetivo era as crianças perceberem que a qualidade gráfica não dependia somente da potência do videogame, mas sim como a faziam. O Sonic 1 do Mega Drive, apesar de ter uma longevidade bem menor que o Super Mario World, possuía uma qualidade gráfica superior quando comparamos os cenários detalhados, a quantidade de objetos, etc. Enfim, o jogo foi um “estrondo” e se tornou o game mais forte do Mega Drive, potencializando a venda do videogame da SEGA, e assim o reinado da Nintendo começava a declinar.

Uma imagem comparativa dos clássicos de ambos os videogames.
Apesar dos dois terem gráficos bons para a época, Sonic era mais bem detalhado.

O presidente da SEGA Americana, Tom Kalinske, foi o grande responsável pela campanha de marketing que rivalizava o Sonic com o Mario, algo que fica na cabeça dos fãs de ambas as franquias até hoje. Era uma maneira de fortalecer a imagem do ouriço, e ao mesmo tempo acabava sendo bom para a Nintendo também que acabou aderindo a ideia. Kalinske então percebeu que a melhor maneira de superar a Nintendo seria colocar o Sonic The Hedgehog vendendo junto com o Mega Drive, sendo uma ideia muito ousada, visto que a empresa lucrava com a venda de cartuchos, não com a de videogames, e colocar justamente o jogo mais forte da empresa vendendo junto com o Mega seria praticamente um “tiro no pé”.

O executivo japonês Shinobu Toyoda apoiou a ideia, e tanto ele quanto Kalinske foram falar com o presidente da SEGA Japonesa, Hayao Nakayama que ficou furioso: “Vocês dois estão loucos?! Nossa empresa vai ‘quebrar’! Nós fazemos dinheiro somente com software!!!”, deu um soco na mesa, jogou a cadeira no chão, gritou bastante, mas no final ao se dirigir a porta olhou para os dois e disse: “Se vocês realmente acreditam que isso vai derrotar a Nintendo, então FAÇA!!!”, e bateu a porta com a maior força que podia. Mesmo sendo uma estratégia muito arriscada, deu certo, e a Nintendo que tinha 85% do mercado, passou a ter 35%, e assim o reinado sobre os consoles passou para as mãos da SEGA, com 65%. O Sonic junto com o Mega Drive vendeu cerca de 15 milhões de cópias no mundo inteiro, e ele virou o grande astro dos videogames, se tornando um ícone.

Óbvio que a Nintendo tinha cartas na manga e a SEGA também, e aí começou o que chamam da “guerra dos 16bits”, cada empresa com seus respectivos jogos, e os protagonistas eram Sonic e Mario. A SEGA um ano depois lançou o Sonic 2 do Mega Drive, sendo o jogo mais bem sucedido da franquia até hoje em valores absolutos de vendas de cartuchos, com seis milhões de cópias. A partir de então, passaram a ver que o Sonic era uma marca forte para atingir todos os lugares, e a ideia era que o ouriço estivesse não só nos games, mas na televisão com desenhos animados, nas marcas de comidas famosas, no seu quarto, em absolutamente todos os lugares possíveis. Deu certo, e hoje a marca Sonic continua sendo a mais forte da SEGA e também uma das mais fortes do mundo dos games.

Tom Kalinske tomou a decisão mais arriscada possível para destronar a Nintendo.
Mas a estratégia deu muito certo, e a SEGA foi a primeira empresa que conseguiu superar a BigN.


MAS E OS JOGOS? SÃO TÃO BONS ASSIM? MESMO DEPOIS DE TANTO TEMPO?

Sim! Evidente que com o passar do tempo, o que era considerado tecnologia de ponta, hoje é chamado de “jogo simples”. Também, são mais de vinte anos de lançamento dessa marca, mas a palavra de ordem que define a grande maioria dos jogos de todas as eras do ouriço é: diversão, e a clássica não está de fora. Os jogos clássicos não devem em nada aos atuais em questões de jogabilidade, utilização de gráficos, etc, eles eram somente mais simples também pela tecnologia da época. O interessante da série Sonic sempre foi querer explorar ao máximo a tecnologia contemporânea para fazer uma ótima experiência. O estilo dos clássicos é o famoso “corre e pula” muito comum nos jogos de plataforma da época. Quem foi ultra jovem nos anos noventa provavelmente teve conhecimento da série, era viciado nos jogos, e possui um carinho enorme pela era clássica do Sonic.

Segundo Takashi Iizuka, atual responsável pela série, a filosofia da Sonic Team sempre foi atingir todos os pontos possíveis e potencializá-los ao máximo. Então um jogo do Sonic não era somente um “bom jogo”, mas as músicas também eram a melhor que podiam fazer, a história idem, os personagens criados eram feitos com competições internas dentro da SEGA e o que ficasse com o melhor apelo para um jogo do Sonic ganhava. Em suma, o objetivo sempre foi refinar ao máximo todos os pontos que envolve o jogo. Na era clássica isso é bem evidente com o Sonic 3 & Knuckles, visto que o manual japonês era bastante detalhado, o jogo possuía uma história simples onde os personagens se comunicavam através de circunstâncias, as músicas são consideradas clássicas até hoje mesmo utilizando o limitado som do Mega Drive, e por aí vai.

Os jogos clássicos extraíam o máximo da tecnologia da época para fazer a experiência mais épica possível.
Ao longo do tempo eles acabam envelhecendo, mas ficam guardadas num lugar especial dentro do coração dos gamers.

É uma época que deixou saudades no coração de muitos fãs da era clássica, além de que vários que estão na faixa entre 20 e 30 anos consideram a era 16bits como a melhor época dos videogames até hoje, mas isso também possui um lado negativo. A única coisa triste referente aos jogos clássicos do Sonic é uma parte do pessoal, especialmente brasileiro, que colocam uma lente de aumento nas qualidades dos jogos dessa era, e menosprezam ou minimizam a força da atual. Como qualquer jogo, os clássicos não são isentos de erros, assim como os atuais também não. Não é incomum você encontrar frases como “Será que este jogo vai retornar aos tempos de glória do ouriço?” ou “Agora vai?”, quando na verdade isto é uma tentativa midiática de convencer você, jogador, que os games declinaram de qualidade, indo na contramão da realidade tanto em questões técnicas quanto em questões comerciais.

Não se pode julgar uma série inteira, ou uma era inteira, porquê um ou dois jogos ficaram numa qualidade abaixo do esperado, enquanto todo o resto foram de grande sucesso comercial e possui uma enorme legião de fãs. Sonic sempre foi feito para ser um mega-star e comercialmente a série sempre se manteve num mesmo patamar segundo o ex-presidente Simon Jeffrey da SEGA numa declaração dada em 2007. Os jogadores mais novos deveriam dar uma chance aos jogos antigos, visto que eles são a origem deste mito chamado Sonic The Hedgehog, assim como os mais velhos deveriam procurar ver que os jogos atuais são tão bons quanto. São épocas diferentes, portanto são jogos diferentes, mas a grande maioria podem ser resumidos numa palavra: ÉPICO!


Antigo ou Novo, Gordo ou Magro, ambos são CLÁSSICOS!

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